Em ano marcado pelas dificuldades financeiras, secretários se destacam pelo desempenho positivo
Afonso Lopes
Não foi fácil para ninguém e em nenhuma área do governo estadual. O ano de 2011 chega ao final sem deixar saudades. Faltou dinheiro para, literalmente, tudo. Ou seja, nenhuma área funcionou a pleno vapor. Na velha comparação de governo com um Boeing, o avião ficou no estaleiro para consertar os estragos. E eles eram inúmeros.
Faltou combustível, pista asfaltada para decolagem, pedaços da fuselagem, vidros quebrados... Até a cabine do piloto estava no meio do avião e não na ponta, como deveria ser (analogia ao fato de que o governo anterior, conforme avaliação feita há tempos pelo secretário de Planejamento, Giuseppe Vecci, quebrou a hierarquia administrativa ao concentrar excessivamente a cadeia de comando na Secretaria da Fazenda, fato, aliás, inúmeras vezes denunciado pela imprensa na época). A única peça que realmente funcionou, e ainda assim, por pura falta de opção, foi o freio.
Há muito otimismo em relação a 2012. Essa, por sinal, é uma das grandes características pessoais do governador Marconi Perillo. O mundo pode estar caindo aos pedaços, como era a situação financeira do Estado no amanhecer de 2011, mas ele parece recusar o sentimento pessimista. Isso é bom, claro. Levanta a autoestima da equipe. Passa a impressão de que as crises são sempre menores do que realmente são.
É difícil avaliar se foi isso ou não que mexeu com parte do secretariado, mas é inegável que alguns conseguiram atuar acima da linha d’água apesar das dificuldades. Venderam otimismo, no exemplo que veio do líder de toda a equipe, e foram os destaques do governo neste ano de crise.
O principal nome neste início do terceiro mandato de Marconi Perillo é Jayme Rincon, presidente da Agetop, empresa que cuida das obras públicas, do asfalto ao prédio. Ele, por sinal, é a grata surpresa de um time de notáveis conhecedores da máquina pública. Todos os projetos elaborados dentro da Agetop foram viabilizados e começam a ser implantados, através de convênios com o governo federal e com a criação de fundo especial com recursos do tesouro estadual. Além disso, e indo além de suas funções originais, Jayme se mostrou como principal defensor e combatente político do governo. Enfrentou e respondeu a todos os ataques desfechados pelos adversários.
O desempenho do “veterano” Giuseppe Vecci não faz dele uma surpresa. É um dos maiores pensadores do governo e do PSDB. Das suas pranchetas saíram programas que podem, a medida em que forem evoluindo naturalmente, mudar a face administrativa do governo do Estado. É o caso da meritocracia. Nem a oposição tem críticas ao programa. O que se ouve como crítica é que sua implantação deveria avançar mais rapidamente. Pode ser que sim, mas na avaliação que se faz é que a meritocracia quebra uma tradição profundamente enraizada na política brasileira, da indicação para preenchimento de 100% dos cargos públicos. Mudar uma cultura secular como essa da noite para o dia seria uma temeridade, que poderia colocar em risco inclusive a governabilidade. Neste caso, o melhor e mais prudente é que a meritocracia veio para ficar, e ser ampliada com o tempo.
Vecci também foi o principal gestor da crise no atendimento do Vapt Vupt, que havia perdido completamente no final do governo Alcides Rodrigues a maciça satisfação dos usuários que existia desde sua implantação. Ainda existem problemas, como estofamentos de banquetas rasgados na área de espera ou insufilms desbotados e soltos nas grandes janelas de algumas lojas, mas a rapidez no atendimento e a eficácia dos funcionários retomou o padrão histórico de qualidade.
O também “veterano” José Taveira é, mais uma vez, um grande coringa no baralho administrativo do governador Marconi Perillo. Não é a primeira vez que Marconi o manda para cargos espinhosos, como agora, à frente do eternamente problemático Ipasgo. Taveira enfrentou problemas de caixa e de credibilidade. Segurados e fornecedores simplesmente não acreditavam mais na sistemática de funcionamento do instituto. Além disso, dívidas vencidas desde 2010 levaram médicos, clínicas e hospitais à beira do ataque de nervos, o que desencadeou inclusive um período de greve no atendimento. Para piorar, as perspectivas futuras eram de caos definitivo, com a receita insuficiente para a cobertura imediata das despesas. Taveira estabeleceu um plano de recuperação, adotou medidas impopulares — com o óbvio aval do governador — e alterou substancialmente as perspectivas futuras do Ipasgo. Ainda existem problemas, mas abrigou-se o tempo como fator de equalização. Ou seja, na direção em que agora está, o Ipasgo vai se recuperar progressivamente e não afundar cada vez mais, como era possível prever que aconteceria antes das medidas que foram adotadas.
Carlos Maranhão, presidente da Metrobus, foi um dos poucos do governo que conseguiu limonada durante o ano. Herdeiro de uma frota de ônibus velhos, mal conservados e gastadores, Maranhão completou negociações com o governo federal e colocou uma frota inteira de veículos zero-quilômetro no eixo Anhanguera. Falta mexer nas estruturas das estações de embarque e desembarque, mas o principal está pronto e atendendo aos milhares de usuários que utilizam o eixão diariamente.
A experiência tanto política como administrativa do deputado federal Vilmar Rocha o colocou como destaque da equipe de Marconi neste primeiro ano de mandato. Apesar de um início meio complicado, em que recebeu críticas de aliados, Vilmar acomodou-se melhor como chefe do Gabinete Civil e fechou o ano comemorando a paz interna. Tem sido um dos “braços direitos” preferidos do governador.
A dupla João Bosco Bittencourt e José Luiz Bittencourt Filho, jornalistas, também estão muito próximos de Marconi. João Bosco é palaciano (assessor direto do governador). José Luiz comanda o complexo Agecom, que além de cuidar da comunicação social de todo o governo, ainda tem a gestão da Gráfica do Estado e das TV e Rádios Brasil Central. Os dois são os principais comandantes da importantíssima área de comunicação do governo.
Outros nomes poderiam constar desta lista, mas a falta de dinheiro neste primeiro ano bagunçou o coreto de muita gente. Os secretários Thiago Peixoto, da Educação, e Antônio Faleiros, da Saúde, são duas citações exemplares. Deputado federal eleito no ano passado pelo PMDB, Thiago tem se dedicado ao tema desde os tempos em que era deputado estadual (2007-2010). Gostaria de ter realizado bem mais. Faleiros é médico, tem a sensibilidade política adquirida em dois mandatos de deputado (estadual, eleito em 1996; e federal, eleito em 1990) e já havia sido secretário da Saúde no governo de Henrique Santillo (1987-1990). Foi exatamente nesse período que ele comandou a construção do maior hospital de urgências do Centro-Oeste, o Hugo.
Enfim, chega de crise, de herança maldita e falta de dinheiro. Agora é pensar e viver melhor em 2012. Goiás merece.
Faltou combustível, pista asfaltada para decolagem, pedaços da fuselagem, vidros quebrados... Até a cabine do piloto estava no meio do avião e não na ponta, como deveria ser (analogia ao fato de que o governo anterior, conforme avaliação feita há tempos pelo secretário de Planejamento, Giuseppe Vecci, quebrou a hierarquia administrativa ao concentrar excessivamente a cadeia de comando na Secretaria da Fazenda, fato, aliás, inúmeras vezes denunciado pela imprensa na época). A única peça que realmente funcionou, e ainda assim, por pura falta de opção, foi o freio.
Há muito otimismo em relação a 2012. Essa, por sinal, é uma das grandes características pessoais do governador Marconi Perillo. O mundo pode estar caindo aos pedaços, como era a situação financeira do Estado no amanhecer de 2011, mas ele parece recusar o sentimento pessimista. Isso é bom, claro. Levanta a autoestima da equipe. Passa a impressão de que as crises são sempre menores do que realmente são.
É difícil avaliar se foi isso ou não que mexeu com parte do secretariado, mas é inegável que alguns conseguiram atuar acima da linha d’água apesar das dificuldades. Venderam otimismo, no exemplo que veio do líder de toda a equipe, e foram os destaques do governo neste ano de crise.
O principal nome neste início do terceiro mandato de Marconi Perillo é Jayme Rincon, presidente da Agetop, empresa que cuida das obras públicas, do asfalto ao prédio. Ele, por sinal, é a grata surpresa de um time de notáveis conhecedores da máquina pública. Todos os projetos elaborados dentro da Agetop foram viabilizados e começam a ser implantados, através de convênios com o governo federal e com a criação de fundo especial com recursos do tesouro estadual. Além disso, e indo além de suas funções originais, Jayme se mostrou como principal defensor e combatente político do governo. Enfrentou e respondeu a todos os ataques desfechados pelos adversários.
O desempenho do “veterano” Giuseppe Vecci não faz dele uma surpresa. É um dos maiores pensadores do governo e do PSDB. Das suas pranchetas saíram programas que podem, a medida em que forem evoluindo naturalmente, mudar a face administrativa do governo do Estado. É o caso da meritocracia. Nem a oposição tem críticas ao programa. O que se ouve como crítica é que sua implantação deveria avançar mais rapidamente. Pode ser que sim, mas na avaliação que se faz é que a meritocracia quebra uma tradição profundamente enraizada na política brasileira, da indicação para preenchimento de 100% dos cargos públicos. Mudar uma cultura secular como essa da noite para o dia seria uma temeridade, que poderia colocar em risco inclusive a governabilidade. Neste caso, o melhor e mais prudente é que a meritocracia veio para ficar, e ser ampliada com o tempo.
Vecci também foi o principal gestor da crise no atendimento do Vapt Vupt, que havia perdido completamente no final do governo Alcides Rodrigues a maciça satisfação dos usuários que existia desde sua implantação. Ainda existem problemas, como estofamentos de banquetas rasgados na área de espera ou insufilms desbotados e soltos nas grandes janelas de algumas lojas, mas a rapidez no atendimento e a eficácia dos funcionários retomou o padrão histórico de qualidade.
O também “veterano” José Taveira é, mais uma vez, um grande coringa no baralho administrativo do governador Marconi Perillo. Não é a primeira vez que Marconi o manda para cargos espinhosos, como agora, à frente do eternamente problemático Ipasgo. Taveira enfrentou problemas de caixa e de credibilidade. Segurados e fornecedores simplesmente não acreditavam mais na sistemática de funcionamento do instituto. Além disso, dívidas vencidas desde 2010 levaram médicos, clínicas e hospitais à beira do ataque de nervos, o que desencadeou inclusive um período de greve no atendimento. Para piorar, as perspectivas futuras eram de caos definitivo, com a receita insuficiente para a cobertura imediata das despesas. Taveira estabeleceu um plano de recuperação, adotou medidas impopulares — com o óbvio aval do governador — e alterou substancialmente as perspectivas futuras do Ipasgo. Ainda existem problemas, mas abrigou-se o tempo como fator de equalização. Ou seja, na direção em que agora está, o Ipasgo vai se recuperar progressivamente e não afundar cada vez mais, como era possível prever que aconteceria antes das medidas que foram adotadas.
Carlos Maranhão, presidente da Metrobus, foi um dos poucos do governo que conseguiu limonada durante o ano. Herdeiro de uma frota de ônibus velhos, mal conservados e gastadores, Maranhão completou negociações com o governo federal e colocou uma frota inteira de veículos zero-quilômetro no eixo Anhanguera. Falta mexer nas estruturas das estações de embarque e desembarque, mas o principal está pronto e atendendo aos milhares de usuários que utilizam o eixão diariamente.
A experiência tanto política como administrativa do deputado federal Vilmar Rocha o colocou como destaque da equipe de Marconi neste primeiro ano de mandato. Apesar de um início meio complicado, em que recebeu críticas de aliados, Vilmar acomodou-se melhor como chefe do Gabinete Civil e fechou o ano comemorando a paz interna. Tem sido um dos “braços direitos” preferidos do governador.
A dupla João Bosco Bittencourt e José Luiz Bittencourt Filho, jornalistas, também estão muito próximos de Marconi. João Bosco é palaciano (assessor direto do governador). José Luiz comanda o complexo Agecom, que além de cuidar da comunicação social de todo o governo, ainda tem a gestão da Gráfica do Estado e das TV e Rádios Brasil Central. Os dois são os principais comandantes da importantíssima área de comunicação do governo.
Outros nomes poderiam constar desta lista, mas a falta de dinheiro neste primeiro ano bagunçou o coreto de muita gente. Os secretários Thiago Peixoto, da Educação, e Antônio Faleiros, da Saúde, são duas citações exemplares. Deputado federal eleito no ano passado pelo PMDB, Thiago tem se dedicado ao tema desde os tempos em que era deputado estadual (2007-2010). Gostaria de ter realizado bem mais. Faleiros é médico, tem a sensibilidade política adquirida em dois mandatos de deputado (estadual, eleito em 1996; e federal, eleito em 1990) e já havia sido secretário da Saúde no governo de Henrique Santillo (1987-1990). Foi exatamente nesse período que ele comandou a construção do maior hospital de urgências do Centro-Oeste, o Hugo.
Enfim, chega de crise, de herança maldita e falta de dinheiro. Agora é pensar e viver melhor em 2012. Goiás merece.
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