O governador de Goiás Marconi Perillo vem defendendo um pacto entre o Distrito Federal, Goiás e União pelo “Entorno” nas áreas de saúde, educação e segurança.
Parece uma questão cosmética, mas fico um tanto quanto insatisfeito com a denominação que as vinte cidades de Goiás recebem. Pois geograficamente pertencemos à mesorregião do Leste Goiano. Essa alcunha por assim dizer esconde duas vertentes danosas ao nosso desenvolvimento econômico, social e humano.
Primeiramente nos remete a certo “complexo de vira lata”, onde é mais fácil dizer “Entorno do Distrito Federal” do que “moro em Goiás”. Não é raro ouvirmos expressões depreciativas como “só aqui no Goiás mesmo”, “isso é goianada”, “só podia ser Goiás” e outras do gênero.
O que não se justifica em absoluto, posto que o nosso estado é dentre as vinte e sete unidades da federação o nono mais rico do país, logo não se pode negar a quem ostenta tal posição de relevo no cenário nacional o devido respeito ao que ele representa. Atribuo essa atitude como uma revanche ao descaso que as autoridades goianas nos trataram ao longo do tempo antes da “era Perillo”.
Por outro lado a designação da nossa região como "Entorno do Distrito Federal", soa como um ardil implantado há muitos anos pelos ex-governantes do nosso estado e do próprio Distrito Federal, para que o primeiro se desvencilhasse das suas responsabilidades com uma porção geográfica maciçamente povoada por migrantes de outras unidades da federação e o segundo deixasse claro que a ele não cabia gestão por se tratar de área não integrante do seu território, ou seja, o velho jogo de empurra, que só serviu para prejudicar milhares de pessoas.
Tentativas de resolução dos nossos problemas ou a sua minoração vêm sendo desenvolvidas timidamente, até a RIDE (Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno), que foi um arremedo da iniciativa original do ex-deputado federal goiano de Luziânia Délio Braz de Queiroz que preconizava a criação de uma Região Metropolitna de Brasília com a participação da Leste de Goiás, vem sendo muito mais conceitual do que ativa.
Um embuste conhecido explorado fartamente é que os municipíos do leste goiano extrangulam a rede pública de saúde e educação do Distrito Federal. Falam isso ignorando que a imensa maioria (infelizmente) da população da região emplaca seus carros no DF e principalmente compra no comercio deste.
Seria importante um estudo técnico que demonstrasse o impacto real dessa contribuição a economia candaga que por se só justificaria a participação no uso dos seus serviços públicos, isso sem se contar que assim como cada contribuinte nacional, os impostos federais que pagamos subvencionam a segurança, educação e saúde do DF através do fundo constitucional. Eles são então bem pagos pelo que usamos!
Agora é inegável que a região Leste de Goiás existe e foi inchada populacionalmente com egressos do Distrito Federal, “expulsos” de lá pelo alto custo de moradia (metro quadrado dos mais caros do país) e que sem a real efetivação do pacto proposto pelo governador Marconi Perillo, não terá qualquer possibilidade de resolver as suas graves questões, conhecidas por todos nós.
Enquanto isso não ocorre advogo com ardor que os termos “Entorno de Brasília” ou “Entorno do Distrito Federal”, são pejorativos, preconceituosos, insultam nossa multi-diversa identidade cultural, desprezam nossa parcela de contribuíção no desenvolvimento do estado de Goiás e do Distrito Federal e em nada agregam no debate sobre a realidade que vivenciamos fruto da negligência continuada a que fomos relegados.
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